Exposição “Resistir é preciso”

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Terça-feira fomos para o Conjunto Cultural do Banco do Brasil e uma das exposições que visitamos foi  “Resistir é preciso”.chargeditadura2

A exposição fala da produção visual de resistência ocorrida no período da ditadura militar no Brasil. Lá, vimos que esse período começou em 1964, com um golpe que tirou do poder o presidente João Goulart, e durou mais de 20 anos. Em todo esse tempo a população não podia eleger seus representantes e qualquer crítica ao regime era severamente reprimida. Vários casos de tortura e assassinato por parte dos militares foram revelados, embora a maior parte dos torturadores não tenha sido julgada (hoje há um movimento no Brasil que luta pela abertura dos arquivos desse período e julgamento dos militares que participaram de crimes desse tipo).

copa-de-1982-na-espanha-tem-charge-inesquecivel-de-jaguar-satirizando-musica-da-epoca-que-dizia-pra-frente-brasile-aquela-corrente-pra-frente-publicada-no-saudoso-pasquim-em-plena-1373494724280_827x1080A imagem ao lado é uma charge desse período que utiliza frases de propaganda que eram utilizadas pelos militares como, “Brasil, ame-o ou deixe-o”,  “ninguém segura esse país” e “Pra frente Brasil!”. Essa frase última frase também fazia parte de uma música que celebrava o futebol, que foi utilizado nesse período como foco de distração para a população não perceber o que se passava politicamente. A outra frase que está na charge, em letras menores, diz “aquela corrente pra frente”. Como se pode ver, o humor, a ironia e as metáforas eram bastante utilizados por artistas e jornalistas que faziam parte da resistência.

O jornalista Vladmir Herzog, que trabalhava com denúncias da ditadura, morreu após ser interrogado. Após o ocorrido divulgaram uma foto do jornalista enforcado, como se tivesse cometido suicídio, mas o corpo estava com os joelhos quase no chão. Ninguém acreditou na história e várias ações de resistência foram desencadeadas pelo fato. O artista Cildo Meireles, por exemplo, fez um trabalho insercoes_em_circuitos_ideologicos_cedula_Cildo_Meireleschamado Inserções em circuitos ideológicos onde carimbou diversas notas com a frase “quem matou herzog?” e as colocou em circulação. O humorista Latuff, em 2007, fez uma charge sobre o ocorrido em memória do jornalista e com forte crítica ao jornal Folha de São Paulo.

herzogOs cartazes e jornais clandestinos também foram importantes meios de veicular informações. Hoje temos a internete e as redes sociais, mas antes, durante as décadas de 60, 70 e 80 era preciso imprimir panfletos, jornais e cartazes para divulgar o que estava se passando e para questionar o regime.

Você percebe alguma semelhança entre os trabalhos que vimos e os imagens feitas por manifestantes nos protestos recentes, tanto no Brasil quando em outros lugares?

– Será que a arte se relaciona com a política frequentemente?

– Você conhece algum trabalho de arte que considere político?

– Será que um trabalho de arte só é político quando fala do governo, ou política está também relacionada com outras coisas?

– Existem motivos, hoje em dia, para se fazer trabalhos visuais que protestam contra ou a favor de algo? Quais são esses motivos? Conhece trabalhos que abordem esses temas?

Mais sobre arte política – http://novo.itaucultural.org.br/materiacontinuum/uma-arte-politica/

Sobre organização que promoveu a exposição http://www.resistirepreciso.org.br/